Afinal, o que é esse tal enactment?
DOI:
https://doi.org/10.60106/rsbppa.v17i1.555Palavras-chave:
Agieren, Borderline, Enactment, Simbolização, TraumaResumo
O autor relata investigações clínicas que o levaram a encontrar o conceito de enactment. O estudo minucioso de explosões do campo analítico revelou que elas desfazem conluios duais entre os membros da dupla analítica. Esses conluios congelam situações traumáticas primitivas. Ao mesmo tempo, o analista, utilizando sua função alfa explícita e implícita, recupera a rede simbólica defeituosa ou inexistente. Quando ela está recomposta, o trauma é revivido no campo analítico através do contato com a realidade triangular. Dessa forma, a dupla analítica pode sonhar-a-dois. Demonstra-se que essas situações revelam configurações borderline que são externalizadas no campo analítico. Revisa-se o conceito de enactment e propõe-se nomear enactment crônico aos conluios duais e enactment agudo às situações em que esses conluios são desfeitos. Finalmente, através de aproximações metapsicológicas, discutem-se fatores relacionados às situações estudadas, tais como vicissitudes dos processos de simbolização em áreas primitivas, organizações defensivas patológicas e comunição inconsciente entre os membros da dupla analítica.
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