Adoção e sofrimento psíquico
DOI:
https://doi.org/10.60106/rsbppa.v18i1.580Palavras-chave:
Adoção, Angústia de separação, Psicanálise de crianças, Simbiose com a mãe, Sofrimento psíquicoResumo
Encontramos, algumas vezes, estados de intenso sofrimento psíquico em famílias ligadas pela adoção. Por sua condição inicial de desamparo, a criança se torna mais sensível às dificuldades ambientais às quais está submetida. Para os pais adotivos, há o desafio de criar um filho que não nasceu deles e que tem uma história anterior da qual não participaram. Algumas características inerentes ao processo de adoção exigem um esforço de adaptação maior do que nas famílias unidas pelo vínculo biológico: a experiência de separação de criança em relação à mãe com ligação genética, as marcas do abandono e do cuidado inicial deficiente, a esterilidade dos pais adotivos assim como suas angústias e expectativas em relação à criança. Esses temas são examinados a partir da análise de um caso clínico no qual a intrincada dinâmica familiar se entrelaçava com angústias relacionadas ao panorama de adoção, promovendo sofrimento psíquico em todos os integrantes da família. Michel, um menino de cinco anos, não podia separar-se da mãe adotiva e ter vida própria. Uma série de desenhos ilustra seu panorama psíquico e suas fantasias de ser o responsável pelo desaparecimento da mãe biológica e pelas doenças dos pais adotivos.
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