Corpos em risco: uma experiência de supervisão com Christophe Dejours

a supervisory experience with Christophe Dejours

Autores

  • Dionela Pinto Toniolo Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre

DOI:

https://doi.org/10.60106/rsbppa.v21i2.710

Palavras-chave:

Identificação com a mãe na comunidade da renúncia, Inconsciente amencial e psicossomática, Luto e psicossomática, Psicossomática e trabalhadores de risco

Resumo

Os trabalhadores que realizam tarefas de alto risco desenvolvem mecanismos psíquicos próprios para conviver com a possibilidade diária de acidentes de trabalho, os quais influenciam em suas relações familiares. Quais seriam as consequências para o desenvolvimento de seus olhos? Neusa é uma mulher de 36 anos, solteira, que procura atendimento devido a sintomas gastrointestinais iniciados no dia do enterro do pai, que era marceneiro. Apesar de morar na capital do estado, ter doutorado e exercer função importante em seu emprego público, Neusa tem poucos amigos, vive só e sua rotina segue muito ligada à sua família, que permanece em uma localidade do interior. O caso de Neusa foi levado para supervisão clínica com o Dr. Christophe Dejours, que é psiquiatra, psicanalista e assistente de Medicina do Trabalho da Faculdade de Medicina de Paris. Ele partiu da hipótese de que o fator traumático desencadeante para os sintomas psicossomáticos dessa paciente tenha sido a morte de seu pai, um trabalhador em situação de risco. Trabalhadores como seu pai, que desempenham tarefas que oferecem algum risco à saúde e/ou à vida, tendem a suprimir suas fantasias e o pensamento imaginativo, a ­m de evitar acidentes. Seus olhos, por sua vez, podem renunciar seu próprio mundo de fantasias através da identi­cação com os pais. Essa identi­cação pode levar à experiência de não habitar seu próprio corpo. Para Dejours, vivemos simultaneamente em dois corpos: o corpo biológico, que é o corpo dos órgãos e das funções, ou seja, o corpo que ­gura nas pranchas de anatomia, o qual examinamos no microscópio ou que tratamos com antibiótico; e o corpo erótico, que é o corpo vivido, aquele que “habitamos”, através do qual experimentamos a vida, o sofrimento, o prazer, a excitação sexual, o desejo. O corpo biológico é inato e é a partir dele que se constrói o corpo erótico, que é da ordem do adquirido.

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Biografia do Autor

Dionela Pinto Toniolo, Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre

Médica-psiquiatra. Membro aspirante da Sociedade Psicanalítica de Porto Alegre.

Referências

Calich, J. C.; & Radke, K. W. (2019). Apresentação da edição brasileira. In Primeiro, o corpo. Porto Alegre: Dublinense.

Dejours, C. (2019). Primeiro, o corpo. Porto Alegre: Dublinense.

Freud, S. (1972). Três ensaios sobre a teoria da sexualidade. In Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud (Vol. 7, pp. 119-209). Rio de Janeiro: Imago. (Original publicado em 1905)

Laplanche, J. (2018). Sexual: A sexualidade ampliada no sentido freudiano 2000-2006. Porto Alegre: Dublinense.

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Publicado

06.07.2019

Como Citar

Toniolo, D. P. (2019). Corpos em risco: uma experiência de supervisão com Christophe Dejours: a supervisory experience with Christophe Dejours. Psicanálise - Revista Da Sociedade Brasileira De Psicanálise De Porto Alegre, 21(2), 45–55. https://doi.org/10.60106/rsbppa.v21i2.710

Edição

Seção

Artigos Temáticos – Desejo, Dor, Pensamento