Fracassos na transicionalidade e adicções

o ressentimento como destino

Resumo

O presente artigo, síntese do exposto na mesa da jornada da SBPdePA, debruça-se sobre a condição de fracasso na construção do processo de transicionalidade e relaciona este fato com uma adicção ao objeto, construída a partir do ressentimento como uma posição subjetiva preponderante. Winnicott concebe a transicionalidade como uma área intermediária entre duas realidades: a inicial da dependência absoluta, marcada pela ilusão do bebê de que cria tudo aquilo de que precisa e a realidade objetiva compartilhada, capaz de reconhecer a diferença entre Eu-Não Eu. O fator disruptivo, inerente à essa passagem inaugural, através dos processos transicionais, que promovem a dimensão não traumática da experiência de diferenciação, pode encontrar-se com a violência do factual e assumir destinos adversos. Portanto, essa ruptura na continuidade do ser do bebê se torna então o caminho para a constituição do ressentimento. A provocação da mesa para pensar os destinos do fracasso da transicionalidade oportunizou um canal para compreender o ressentimento como um destino também adictivo dessa vicissitude. Preso nessa posição subjetiva, o sujeito fica aditivamente aderido a um objeto pelo qual crê ter sido arruinado, tornando a vingança, pela injúria sofrida, o eixo dos seus investimentos.