Psicossomático ou somatopsicótico?

análise crítica da medicina psicossomática

Autores

  • Paulo Cesar Sandler Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo

DOI:

https://doi.org/10.60106/rsbppa.v10i1.281

Palavras-chave:

Medicina Psicossomática, Medicina, Psicanálise, Teoria

Resumo

Este estudo propõe o exame, ilustrado com casos clínicos, das bases científicas da assim chamada “medicina psicossomática”; bases essas subjacentes aos conceitos e às afirmações em medicina, como em qualquer ciência. As afirmações examinadas são: (i) a mente causa doenças do corpo, (ii) depressão causa câncer, (iii) estresse causa enfarte do miocárdio e outras afecções, e (iv) linguagem do corpo. Utilizam-se teorias do conhecimento derivadas (i) do Iluminismo, (ii) do Positivismo e (iii) da ciência moderna, apresentadas aqui de modo breve. Há indicações de uma divisão artificiosa entre corpo e mente, provocando investigações, pendendo ora para um lado, ora para outro – sem se perguntar se esses “lados” existem em realidade. Tal divisão reflete-se no aparecimento da “medicina psicossomática” e nos persistentes problemas criados no e por esse campo. Os resultados do “teste” epistemológico e psicanalítico permitem uma análise crítica do modelo psicossomático, que parece não ter sido bem-sucedido em sua corajosa abordagem holística, demandando alternativa. Incluem-se recomendações de conduta médica no que tange aos pacientes vistos como “psicossomáticos”.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Paulo Cesar Sandler, Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo

 Mestre em Medicina (Universidade de São Paulo); Psiquiatra (Associação Médica Brasileira); Analista Didata (Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo); Membro honorário da Força Aérea Brasileira; Sócio Honorário da Accademia Lancisiana de Medicina (Roma); ex-diretor do Programa de Saúde Mental da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, São Paulo (SP), BRASIL

Referências

ALEXANDER, F. Psychosomatic medicine: its principles and applications. New York: W.W. Norton, 1957.

BION, W. Differentiation of the psychotic from the non-psychotic personalities. in: ______. Second thoughts. London: Heinemann Medical Books, 1967. p. 43-64.

_______. Evidência. Revista Brasileira de Psicanálise, São Paulo, 1985, v.19, n. 1, p. 129-41.

______. Experiencias en grupos. Buenos Aires: Paidós, 1963.

______. Uma memória do futuro. São Paulo: Martins Fontes, 1989. v.1.

_______. Learning from experience. London: Heinemann Medical Books, 1962.

______. Uma memória do futuro. Rio de Janeiro: Imago, 1996. v. 2.

EINSTEIN, A. Relativity: the Special and the General Theory (1916-1952). In: The Great Books of the Western World. Chicago: Encyclopaedia Britannica, 1994.

FENICHEL, O. Neurotic acting-out. In: Fenichel H, Rapaport D. The collected papers of Otto Fenichel. New York: WW Norton; 1954. p.296-305.

FREUD, S. (1911) Formulations on the two principles of mental functioning. The interpretation of dreams In: ______. The standard edition of the complete psychological works of Sigmund Freud. London: The Hogarth Press, 1958. v. 6. v. XII.

_______. (1938) Splitting of the ego in the process of defense. In: ______. The standard edition of the complete psychological works of Sigmund Freud. London: The Hogarth Press, 1964. v. XXIII.

______. (1899) The interpretation of dreams. In: _______. The standard edition of the complete psychological works of Sigmund Freud. London: The Hogarth Press, 1958. v. VI.

_______. (1924) Neurosis and psychosis. In: ______. The standard edition of the complete psychological works of Sigmund Freud. London: The Hogarth Press, 1964. v. XIX.

_______. (1909) Notes upon a Case of Obsessional Neurosis. In: _______. The standard edition of the complete psychological works of Sigmund Freud. London: The Hogarth Press, 1964. v. X.

HUNINK, M. G. M. Does evidence based medicine do more good than harm? British Medical Journal, Londres, n. 329., p.1051, 2004.

ISAACS, S. The nature and function of phantasy. In: KLEIN, M.; HEIMANN, P.; ISAACS, S.; RIVIERE, J. Developments in psycho-analysis. London: The Hogarth Press; 1952, p. 67-121.

KANT, I. Crítica da razão pura. São Paulo: Abril Cultural, 1980. Coleção Os Pensadores.

KAPLAN, H. I.; SADOCK B. J.; GREBB, J. Compêndio de psiquiatria. 7 ed. Porto Alegre: Artmed, 1997.

KLEIN, M. Notes on some schizoid mechanisms. In: KLEIN, M.; et. al. (Ed.). Developments in psycho-analysis. London: The Hogarth Press; 1952. p.292-320.

KLEIN, M. The Importance of symbol-formation in the development of the ego. in: ______. Contributions to psycho-analysis. London: The Hogarth Press, 1950. p. 236-250.

KUHN, T. The structure of scientific revolutions. Chicago: University of Chicago, 1962.

POPPER, K. A lógica da pesquisa científica. São Paulo: Cultrix, 1974.

SANDLER, J. Contribuições para uma psicoterapia de grupo com coronariopatas. Revista Brasileira de Psicanálise, São Paulo, v. 9, n. 4, p. 445-462, 1975.

SANDLER, P. C. A apreensão da realidade psíquica: um estudo transdisciplinar. Rio de Janeiro: Imago; 1997. v. 1.

_______. Epistemologia: um resumo crítico sob a ótica de um psicanalista, para uso de psicanalistas. Revista da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Porto Alegre, v. 5, n.1, p. 187-221, 2003.

______. Hegel e Klein: a tolerância de paradoxos. Rio de Janeiro: Imago, 2003.

_______. Le projet scientifique de Freud un siècle plus tard? Revue Française de Psychanalyse, Paris, Numero Hors Serie, 2001a.

_______. Psicanálise e ciência: amigas, parentes ou estranhas? Alter, Brasília, DF, v. 20, n. 1, p.115-139, 2001b.

SELYE, H. Textbook of endocrinology. Montreal: Franks WT, 1947.

Downloads

Publicado

11.06.2008

Como Citar

Sandler, P. C. (2008). Psicossomático ou somatopsicótico? análise crítica da medicina psicossomática. Psicanálise - Revista Da Sociedade Brasileira De Psicanálise De Porto Alegre, 10(1), 165–185. https://doi.org/10.60106/rsbppa.v10i1.281

Edição

Seção

Artigos/Ensaios/Reflexões