A vida erótica dos grandes criadores

Resumen

Este trabalho tem o objetivo de apresentar algumas conclusões de uma investigação sobre a vida erótica de alguns dos grandes criadores da humanidade. Uma delas é que esse erotismo se desvia da via genital direta, habitualmente perseguida pelas pessoas comuns, para outros prazeres, igualmente fortes. Erotismo, para os grandes criadores, está conectado, primariamente, ao processo criativo em si mesmo. Nós estamos propondo o termo prazer de tramitação para o erotismo no trabalho cotidiano e o termo orgasmo epistemológico para o prazer final, quando a obra é terminada. É importante notar que observamos uma grande similitude entre os prazeres obtidos pelos artistas em seu trabalho com os conceitos de Freud e de Theodor Reik, de sinistro (Unheimlich) e surpresa, respectivamente. Pensamos que os criadores, em todas as áreas humanas, são motivados por estes intensos prazeres, podendo esta forma de erotismo, muito mais moderna no sentido filogenético que o orgasmo genital, substituir, parcial ou totalmente, a via comum do coito. Estes conceitos têm também certas similaridades com o produto final da genitalidade – a procriação, a via comum de alcançar a imortalidade. Os criadores usam, também, aqui, uma rota alternativa: a imortalidade é conseguida através da criação de obras universais, com as quais se perpetuam na memória de todos. Isto se torna possível, de acordo com nossas idéias, pela existência de um sinergismo com o inconsciente, resultante de uma especial, intensa e precoce relação com as suas mães.