O psicanalista e a arte de clinicar

a natureza do vínculo

Autores

  • Gildo Katz Sociedade Brasileira de Psicanálise de Porto Alegre

DOI:

https://doi.org/10.60106/rsbppa.v10i2.291

Palavras-chave:

Intersubjetividade, Vínculo, Transferência, Contratransferência, Terapeuta

Resumo

O autor, por meio de um caso clínico, examina a relação entre a natureza do vínculo e a arte de clinicar. Considera que o vínculo terapêutico é uma condição imprescindível para o desenvolvimento do tratamento. Acredita que a arte de clinicar teria sua origem na capacidade do terapeuta de encontrar uma forma de se vincular com o seu paciente para que o tratamento alcance resultados satisfatórios. Salienta que, muitas vezes, para atingir esses objetivos, deve sacrificar o método a que havia se proposto seguir. Posteriormente, examina as principais modificações nos modelos psicanalíticos que alteraram a atividade de muitos analistas nos últimos anos. Destaca, principalmente, a passagem do método determinista de Freud para o de Melanie Klein, cujo modelo tenta ser descritivo, mas acaba na interpretação explicativa, e o modelo narrativo desenvolvido por Spence e Schafer que, entre outras características, enfatiza mudanças na atividade do terapeuta frente às narrativas do paciente. Entre elas, privilegiam a relação do “aqui e agora” transferencial sobre o passado histórico e, desse modo, se aproximam do modelo kleiniano. No entanto, o fato de preconizarem que a atividade do analista deveria realizar-se a partir da posição de não saber, os aproximam do modelo analítico de Bion, em que não existe nada para explicar e há muito que descrever sobre a realidade psíquica. Para Bion, a interpretação descritiva convida ao pensar em comum, e paciente e terapeuta podem evoluir no sentido de buscar novas perguntas e novas narrativas que irão ampliar o campo da percepção da realidade psíquica. Para finalizar, o autor procura dar o seu entendimento sobre o que consiste a arte de clinicar. Para ele, a arte está na capacidade de o analista estabelecer diálogos simultâneos com múltiplas e contraditórias narrativas, sem invalidar nenhuma delas, tendo como objetivo encontrar sempre uma nova pergunta, que abre espaços para novos questionamentos. Essas considerações são ilustradas no desenvolvimento do caso clínico apresentado.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Gildo Katz, Sociedade Brasileira de Psicanálise de Porto Alegre

Médico psiquiatra. Membro titular fundador e analista didata da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Porto Alegre.

Referências

BARANGER, M.; BARANGER, W. La Situación Analítica como Campo Dinámico. In: BARANGER, M.; BARANGER, W. Problemas del Campo Psicoanalítico. Buenos Aires: Kargieman Editores. 1993.

BICK, E. The Experience of the Skin in Early Object-relation. International Journal of Psychoanalysis, v. 49, p. 484-486, 1968.

BION, W. R. Apriendendo de la Experiencia. Barcelona: Paidós, 1997.

BION, W. R. Uma Teoria sobre o Pensar. In: Bion, W. R. Estudos Psicanalíticos Revisados. Rio de Janeiro: Imago, 1987, Cap. IX, p. 107-126.

CAPER, R. A Mind of Ones’s Own. London: Routledge, 1999.

CHUSTER, A. Bion Cria de Fato uma Nova Psicanálise? Revista de Psicanálise, v. 5, n. 3, p. 311-337, 1998.

FERRO, A. A Técnica da Psicanálise Infantil. Rio de Janeiro: Imago,1995.

FERRO, A. Técnica e Criatividade – O trabalho psicanalítico. Rio de Janeiro: Imago, 2008.

FREUD, S. (1912). A Dinâmica da Transferência. In: FREUD, S. Obras Completas de Sigmund Freud. Ed. Standard Brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 1996. v. 12.

FREUD, S. (1937). Construções em Análise. In: FREUD, S. Obras Completas de Sigmund Freud. Ed. Standard Brasileira. Rio de Janeiro: Imago, 1996. v. 23.

KATZ. G. A Segunda Pele do Paciente: uma viscissitude da psicanálise. Arquivos de Psiquiatria, Psicoterapia e Psicanálise, v. 2, n. 1, p. 23-28,1995.

KATZ. G. Trabalhando com a Intersubjetividade. Psicanálise: Revista da SBPdePA, v. 10, n. 1, p. 85-109, 2008.

MODELL, A. H. El Psicoanálisis en un Contexto Nuevo. Buenos Aires: Amorrotu, 1988.

OGDEN, T. Subjects of Analysis. London: Jason Aronson, 1994.

RODULFO, R. O Brincar e o Significante: um estudo psicanalítico sobre a constituição

precoce. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990.

SCHAFER, R. A New Language for Psychoanalysis. New Haven: Yale University Press, 1976.

SCHAFER, R. Language and Insight. New Haven: Yale University Press, 1978.

SPENCE, D. Clinical Interpretation: some comments on the nature of the evidence. In: SHAPIRO, T. (ed.). Psychoanalysis and Contemporary Science. New York: Internacional University Press, 1976. v. V.

SPENCE, D. Narrative Truth and Historical Truth: meanings and interpretations in psychoanalysis. New York: Norton, 1982.

SPENCE, D. Though and Tender Minded Hermeneutics. In: MESSER, S.B.; SASS, L. A.; WOOLFOLK, R. L. (eds.). Hermeneutics and Psychological Theory: perspectives, psychoterapy and psychopatology. New Bruswick: Rutgers University Press, 1987.

SPENCE, D.; LUBORSKY, L. Quantitative Research on Psychoanalytic Therapy. In: BERGIN, A. E.; GARFIELD, S. L. (eds.). Handbook of Psychotherapy and Behavior Change: an empirical analysis. New York: Wiley, 1978.

WINNICOTT, D.W. Objetos Transicionais e Fenômenos Transicionais. In: WINNICOTT, D.W. O Brincar e a Realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1975. p. 13-44.

Downloads

Publicado

12.12.2008

Como Citar

Katz, G. (2008). O psicanalista e a arte de clinicar: a natureza do vínculo. Psicanálise - Revista Da Sociedade Brasileira De Psicanálise De Porto Alegre, 10(2), 311–326. https://doi.org/10.60106/rsbppa.v10i2.291

Edição

Seção

Artigos/Ensaios/Reflexões

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)

1 2 > >>