Trabalhando com a intersubjetividade
a self-disclosure
DOI:
https://doi.org/10.60106/rsbppa.v10i1.276Palavras-chave:
Psicanálise, Paradigma, Intersubjetividade, SelfResumo
O autor sustenta que o ponto de vista intersubjetivo introduz modificações radicais na prática clínica na medida em que o eixo se desloca de uma psicanálise de uma pessoa só para o de duas pessoas em um campo analítico dinâmico. Sugere que este deslocamento possa aprofundar o entendimento dos conflitos que estão experimentando. Considera que a autenticidade é um valor a reivindicar e é um dos aspectos centrais da capacidade terapêutica do psicanalista. Cita, através de uma ilustração clínica, como exemplo, a self-disclosure. No caso clínico, salienta como podem ser observados os sentimentos de aniquilação do self do paciente, relacionados a conflitos de sua infância primitiva que puderam vir à tona após a conduta do analista. Chama a atenção para certos mitos encontrados na comunidade psicanalítica, os quais costumam levar o analista a acreditar que sua prática clínica diária pode facilmente gerar a vergonhosa sensação de que trabalha de forma pouco profunda, de que tenha sido mal analisado, etc. Pensa que com o terapeuta em formação acontece o mesmo que com a criança pequena: atribuem-se-lhe defeitos para preservar os laços com a “família psicanalítica”, a qual é imprescindível para sua formação profissional e para a sua inserção no mundo do trabalho. Afirma que, desde a perspectiva da intersubjetividade, não existe uma só ‘resposta correta’ a respeito da questão da self-disclosure ou a respeito de outras questões que se costumam denominar de técnica. As decisões específicas sobre a self-disclosure e sobre outras questões da conduta analítica devem ser tomadas a partir da valorização do quanto essa conduta poderá facilitar que a dupla aprenda com a experiência e possa evoluir emocionalmente. Para finalizar, acredita que uma observação mais atenta pode visualizar uma sobreposição ubíqua, em todas as teorias psicanalíticas, entre o modelo intersubjetivo e o modelo clássico, à medida que cada um deles procura capturar diferentes aspectos do funcionamento mental em uma tensão dialética, em que a fronteira entre o dado da verdade consensual e o construto subjetivo oscila continuamente, em função de um entrosamento flutuante do analisando e do analista. Dentro dessa perspectiva, questiona se é possível valorizar alguma mudança analítica em um paciente sem que a ela corresponda alguma mudança no analista.
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