A grade edípica

anotações teórico-clínicas sobre configurações edípicas à luz de princípios ético-estéticos de observação

Resumo

O autor toma como ponto de partida a sistematização de uma Rede Edipiana, sugerida por Bion em Learning from Experience (1962) e tenta mostrar a importância, para o analista, de obter um diálogo incessante – mencionado em Cogitations (1992) – com o mito do Édipo, pondo no papel suas associações em relação a ele, de preferência fazendo anotações relativas aos pacientes. O procedimento, sendo muito flexível, pode ser utilizado para outros mitos, os quais podem ser comparados. O autor aponta as vantagens de tal diálogo interior, porque através do estímulo e da utilização da imaginação, ele promove a intuição analítica, desenvolvendo, conseqüentemente, a linguagem analítica, e estendendo os fatos selecionados obtidos pela função analítica da personalidade. O autor dá exemplos dessas associações livres ligadas aos elementos do mito do Édipo, estimuladas por seguir o eixo horizontal dessa rede limitada, ao invés de utilizar as estruturas usuais da inspiração psiquiátrica, e fornece alguns fragmentos da sua experiência clínica, sem a necessidade de identificar os pacientes. A partir do vértice das idéias de Bion, esse caminho estabelece a diferença, porque pode apenas ser utilizado pelo analista que utiliza o inconsciente para interpretar o estado da mente consciente, e não o contrário. Ao mesmo tempo, o autor sugere que o analista que utiliza tal método necessita sustentar suas interpretações em princípios éticos-estéticos de observação. O autor busca um esclarecimento do que significam estes princípios, descrevendo-os a partir de sua origem na ciência, e mencionando que, na psicanálise, seu uso transcorre após a percepção do inconsciente. A questão central envolvida nessas formulações foi fornecida por Freud, quando trabalhou com uma base científica de observação. Ele definiu em Two Principles of Mental Functioning, que a arte é capaz de reconciliar os dois princípios.