Privação extrema, perda da confiança básica e a escuta da dor irrepresentável
DOI:
https://doi.org/10.60106/rsbppa.v26i2.900Palavras-chave:
Psicanálise, Tentativa de suicídio, Transtornos mentais severos, TraumaResumo
O autor descreve como a ideia de um evento traumático externo, produzindo sofrimento psíquico, está na raiz da psicanálise, a partir de diversas perspectivas teóricas e clínicas. O diferencial proposto neste artigo é o trabalho psicanalítico com pessoas que apresentam uma história de eventos traumáticos sérios, realizada na atenção primária à saúde, em um enquadre diferente do habitual, descrevendo as origens e os efeitos prolongados do trauma em um grupo de pessoas que não teriam possibilidades de uma escuta e uma abordagem de orientação psicanalítica, por não terem o conhecimento, o desejo ou condição de pagar uma análise ou uma psicoterapia.
Após um breve recorrido teórico, em que discute o conceito de trauma e assinala a presença das falhas básicas e do irrepresentável no psiquismo, o autor descreve casos de pessoas com história de abusos físicos e sexuais, pobres ou em situações de miséria, vindas de lugares insalubres, com configurações familiares frequentemente desajustadas, em que predominam a pobreza subjetiva e afetiva, apresentando sintomas severos, entre eles transtornos de personalidade, quadros severos de ansiedade e depressão, controle deficitários dos impulsos, levando à agressividade, violência e, com frequência, condutas autodestrutivas, como tentativas de suicídio.
Discute também as questões contratransferenciais levantadas pela escuta daquilo que não tem representação mental, e propõe uma técnica modificada e mais participativa, em que o analista seja testemunha e participante de um processo de validação do trauma real e de reconstrução e reintegração de aspectos danificados da mente.
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Referências
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