Falhas na escuta psicanalítica, metaenquadre e racismo

Ane Marlise Port Rodrigues

doi:10.60106/rsbppa.v26i2.890

Authors

Ane Marlise Port Rodrigues Sociedade Brasileira de Psicanálise de Porto Alegre

DOI:

https://doi.org/10.60106/rsbppa.v26i2.890

Keywords:

Failures in psychoanalytic listening, Psychoanalytic training, Racism, Frame, Metaframe

Abstract

This work raises the issue of possible failures in psychoanalytical listening and the importance of recognizing a metaframe, added to the frame, with an emphasis on racism directed at black and indigenous people and its denial by the psychoanalyst. Institutions tend to be conservative in nature, but they are made of people who renew themselves over time and can be open to changes, creating projects for the entry of colleagues historically excluded from psychoanalytic training. In clinical work, psychoanalytical listening can find failures when psychoanalysts close themselves in bubbles of mutual resonance, not putting themselves in the shoes (skin) of others, differents from themselves or their social group. It becomes essential to understand how the racist culture in which we were raised impregnates our unconscious, through the ideals of the Ego, with the belief that white people would be the measure of what is universal and beautiful, making our racism invisible.

Downloads

Download data is not yet available.

Author Biography

Ane Marlise Port Rodrigues, Sociedade Brasileira de Psicanálise de Porto Alegre

Médica, Psiquiatra, Psicanalista, Membro Titular com Função Didática da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Porto Alegre — SBPdePA, Psicanalista de Crianças e Adolescentes pela IPA, Coordenadora da Comissão Ubuntu SBPdePA 2022/2024 (Projeto Ubuntu — Programa de Bolsas Formação Psicanalítica do Instituto de Psicanálise da SBPdePA para Profissionais Negros, Negras e Indígenas das Áreas de Psicologia e Medicina). Professora e supervisora dos cursos CEPOA e CAPIA do CELG/Psiquiatria/UFRGS.

References

Abse, S. (2017). Prefacio a la edición de Karnak. In D. Scharff, & M. Vorchheimer (Comp.), Diálogos clínicos sobre psicoanálisis con famílias y parejas (pp. 17–20). Biebel.

Almeida, S. L. (2019). Racismo estrutural. Pólen Livros.

Alves. M. C. (2024). Violência antinegro e o direito à opacidade: O lugar do semelhante para Além do Princípio do Prazer da sua majestade a branquitude. Trabalho apresentado no 35° Congresso da FEPAL – Intolerância, Fanatismo e Realidade Psíquica, na mesa Complexo do Semelhante – dor psíquica – entre o “bem-estar” do povo branco e o “mal-estar” do povo negro. Rio de Janeiro, 15-19 de outubro de 2024.

Bento, M. A. S. (2002). Pactos narcísicos no racismo: branquitude e poder nas organizações empresariais e no poder público [Tese de doutorado, USP]. Repositório da Produção USP. https://repositorio.usp.br/item/001310352

Bento, M. A. S. (2019). Branqueamento e branquitude no Brasil. In Y. Carone, M. A. S. Bento, & E. Piza (Orgs.), Psicologia social do racismo: estudos sobre branquitude e branqueamento no Brasil (2a ed., pp. 1–30). Vozes.

Berenstein, I. (2001). O vínculo e o outro. Revista Brasileira de Psicanálise, 35(2), 243–252.

Berenstein, I., & Puget, J. (1997). Lo vincular. Paidós.

Bicudo, V. L. (2010). Atitudes raciais de pretos e mulatos em São Paulo. Sociologia e Política.

Bleger, J. (1967). Psicoanálisis del encuadre psicoanalítico. Revista de Psicoanálisis, 24(2), 241-258.

Bleger, J. (1988). Simbiose e ambiguidade. Francisco Alves.

Bruce, J. (2023). O desconhecido e o novo. Observatório Psicanalítico, 417.

Carneiro, C., Frausino, C. C. M., Amendoeira, P. (2021). Analistas criam Grupos de Pesquisa em Psicanálise e Equidade Racial. Febrapsi — Pesquisa realizada em 2020. Boletim Informativo da Sociedade de Psicanálise de Brasília, 24(1), p. 1–2.

Costa, E. S. (2015). Racismo como metaenquadre. Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, 62, 146-163.

Ferenczi, S. (1992a). Diário clínico. In Obras completas — psicanálise IV (A. Cabral, Trad.). Martins Fontes. (Trabalho original publicado em 1932).

Ferenczi, S. (1992b). Confusão de língua entre os adultos e a criança. In Obras completas - psicanálise IV (A. Cabral, Trad.). Martins Fontes. (Trabalho original publicado em 1933).

Ferenczi, S. (1992c). Reflexões sobre o trauma. In Obras completas — Psicanálise IV (A. Cabral, Trad.). Martins Fontes. (Trabalho original publicado em 1934).

Ferenczi, S. (1999). “Psicologia de grupo e análise do ego” de Freud. In Obras completas — psicanálise III (p. 177–181). Martins Fontes. (Trabalho original publicado em 1919–1926).

Freud, S. (2011). Psicologia das massas e análise do eu e outros textos (1920–1923) (P. C. de Souza, Trad.). Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1920).

Freud, S. (2018). Análise terminável e interminável. In Moisés e o Monoteísmo, Compêndio de Psicanálise e Outros Textos (1937–1939) — Obras Completas (P. S. de Souza, Trad., Vol. 19, pp. 274-326). Companhia das Letras. (Trabalho original publicado em 1937).

Genocídio dos povos indígenas no Brasil. (2022, 5 de setembro). In Wikipedia. https://pt.wikipedia.org/wiki/Genoc%C3%ADdio_dos_povos_ind%C3%ADgenas_no_Brasil#top-page

Glissant, É. (2021). Poéticas da Relação. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo.

Gomes, L. (2019). Escravidão. (Vol. 1). Globo.

Gomes, L. (2021). Escravidão. (Vol. 2). Globo.

Gomes, L. (2022). Escravidão. (Vol. 3). Globo.

Gonzalez, L. (2020). Por um feminismo afro-latino-americano: Ensaios, intervenções e diálogos. Zahar.

Gonzalez, L., & Hasenberg, C. (1984). Lugar de negro. Zahar.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2022). População. https://www.ibge.gov.br/estatisticas/sociais/populacao.html

Kaës, R. (2011). Um singular plural: Aa psicanálise à prova do grupo. Edições Loyola.

Kopenawa, D. & Albert, B. (2010). A queda do céu: Palavras de um xamã Yanomami. Companhia das Letras.

Krenak, A. (2020). A vida não é útil. Companhia das Letras.

Kupermann, D. (2015). A “desautorização” em Ferenczi: do trauma sexual ao trauma social. Revista Cult, 205, 39–45.

Maia, B. B., Santos, M. A., & Okamoto, M. Y. (2023). Memória, desmentida e traumatismo social sob a ótica da Psicanálise das Configurações Vinculares. Psicologia USP, 34. https://doi.org/10.1590/0103-6564e200214

Morin, E. (2006). Introdução ao pensamento complexo. Sulina. (Trabalho original publicado em 1990)

Nogueira, I. B. (1998). Significações do corpo negro [Tese de doutorado, USP]. Repositório da Produção USP. https://repositorio.usp.br/item/000987809

Nogueira, I. B. (2017). Cor e inconsciente. In N. M. Kon, M. L. Silva, & C. C. Abud, (Orgs.), O racismo e o negro no Brasil: Questões para a psicanálise (pp. 121–126). Perspectiva.

Paim Filho, I. A. (2021). Racismo: Por uma psicanálise implicada. Artes & Ecos.

Paim, A. M., & Paim Filho, I. A. (2023). Racismo e psicanálise: A saída da grande noite. Artes & Ecos.

Puget, J. (2016). O lugar do político na prática vincular. Revista Brasileira de Psicanálise, 50(3), 133–142.

Ribeiro, D. (2019). Pequeno manual antirracista. Companhia das Letras.

Ribeiro, R. (2024, 9 de setembro). Brasil registra aumento de 104% nos focos de queimadas em 2024. Agência Brasil. https://agenciabrasil.ebc.com.br/radioagencia-nacional/meio-ambiente/audio/2024-09/brasil-registraaumento-de-104-nos-focos-de-queimadas-em-2024

Rodrigues, A. M. P. (2018). Liberdade e singularidade na transmissão da psicanálise: interminável desafio. Revista Brasileira de Psicanálise, 55(4), 239–258.

Rodrigues, A. M. P., Klöchner, L. M. S., Puiatti, R. I., & Skowronski, S. B. (2006). O candidato e a instituição psicanalítica: um quarto eixo na formação psicanalítica? Psicanálise — Revista da Sociedade Brasileira de Psicanálise de Porto Alegre, 9(1), 47–75.

Salim, L. (2024, 11 de março). Brasil segue líder na destruição de florestas. Observatório do Clima. https://oc.eco.br/brasil-segue-lider-na-destruicao-deflorestas/

Schucman, L. V. (2012). Entre o “encardido”, o “branco” e o “branquinho”: Raça, hierarquia e poder na construção da branquitude paulistana [Tese de doutorado, USP]. Repositório da Produção USP. https://repositorio.usp.br/item/002281744

Souza, N. S. (1983). Tornar-se negro ou as vicissitudes da identidade do negro brasileiro em ascensão social. Graal.

Tanis, B. (2022, 7 de abril). Psicanálise, estado da situação: transitoriedades e incertezas. Binários da Jornada à Metade do Caminho: A psicanálise na atualidade (FEPAL, 3 e 4 de setembro de 2021). https://www.fepal.org/eventos-single/jornada-a-metade-do-caminho-a-psicanalise-na-atualidade/

Trachtenberg, A. R. C. (2013). A psicanálise na África do Sul. Jornal da Brasileira, 17(2), 8-9.

Zarur, C. (2024, 18 de junho). Uma pessoa negra é morta a cada 12 minutos, diz Atlas da Violência/Brasil. Valor Econômico. https://valor.globo.com/brasil/noticia/2024/06/18/uma-pessoa-negra-morta-a-cada-12-minutos-diz-atlasda-violncia.ghtml